A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, catapultou o país a uma posição de liderança econômica global no alvorecer do século XX. Sua vasta rede colonial e seu poderio naval sustentavam essa hegemonia capitalista. Contudo, a partir de 1870, a ascensão meteórica da Alemanha como potência industrial e militar representou um desafio crescente à supremacia britânica. A unificação alemã, concretizada sob a liderança prussiana e coroada com a vitória sobre a França na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), não apenas consolidou o novo império, mas também acirrou as rivalidades no continente. A anexação dos territórios da Alsácia-Lorena pela Alemanha alimentou um profundo sentimento de revanchismo na França, tornando-se uma das causas subjacentes ao futuro conflito mundial.
A rápida industrialização alemã, impulsionada por avanços tecnológicos e uma forte intervenção estatal, permitiu que o país se equiparasse rapidamente à Inglaterra em termos de poderio industrial e militar. Essa corrida armamentista e a crescente competição por mercados e colônias intensificaram a desconfiança e a hostilidade entre as duas potências, levando a Inglaterra a considerar a Alemanha como sua principal ameaça.
'Paralelamente à rivalidade econômica e militar, o fervor do nacionalismo exacerbado permeava o cenário europeu. Essa ideologia, que pregava um patriotismo extremo e frequentemente ambicionava a expansão territorial, representava uma ameaça direta à estabilidade de impérios multiétnicos como o Império Austro-Húngaro. Sob o domínio austríaco, diversos povos, com destaque para os eslavos, nutriam um crescente desejo por autonomia e independência nacional, um anseio que encontrava apoio na Rússia, que se via como protetora dos povos eslavos dos Bálcãs.
'Nesse contexto de efervescência nacionalista, emergiram diversas ideologias com ambições territoriais e unificadoras:
- Grande Sérvia: Objetivava a união política de todos os povos eslavos da Península Balcânica sob a liderança da Sérvia.
- Revanchismo Francês: Expressava o desejo fervoroso dos nacionalistas franceses de vingar a derrota na Guerra Franco-Prussiana e reincorporar a Alsácia-Lorena ao território francês.
- Pan-eslavismo Russo: Defendia a união de todos os povos de origem eslava em um único Estado, com a Rússia exercendo um papel de liderança e proteção, especialmente em relação aos eslavos sob domínio austro-húngaro.
- Pangermanismo Alemão: Preconizava a expansão da Alemanha através da anexação de todos os povos de origem germânica que habitavam a Europa Central.
O período compreendido entre 1870 e 1914 ficou conhecido como a "Paz Armada". Longe de ser um período de tranquilidade, foi marcado por uma intensa tensão, rivalidades latentes e a formação de complexas alianças militares. As grandes potências europeias, cientes da crescente probabilidade de um conflito, investiram maciçamente na indústria bélica, modernizaram seus exércitos e prepararam suas forças armadas para a guerra iminente.
Nesse clima de hostilidade contida, faltava apenas um pretexto para o conflito eclodir. Esse pretexto trágico ocorreu em 28 de junho de 1914, quando Gavrilo Princip, um nacionalista sérvio membro da organização secreta Mão Negra, assassinou o arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa, Sofia, em Sarajevo. As investigações subsequentes levaram o Império Austro-Húngaro a acusar o governo sérvio de cumplicidade no atentado. Exatamente um mês após o assassinato, em 28 de julho de 1914, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia, desencadeando uma série de eventos que mergulhariam a Europa e o mundo em um conflito devastador.