Descubra a curiosa história da prática de vender cargos e bênçãos na Igreja — e como isso virou um pecado (e um escândalo!) medieval
O que é Simonia?
Em termos teológicos, é considerada uma grave corrupção da fé cristã. Em termos históricos, foi uma verdadeira “Black Friday espiritual” da Idade Média.
De onde vem o nome “Simonia”?
O nome tem origem bíblica, inspirado em um personagem do Novo Testamento: Simão, o Mago. Lá no livro de Atos dos Apóstolos (8:18–24), Simão vê os apóstolos impondo as mãos sobre as pessoas, fazendo-as receber o Espírito Santo. Ele, deslumbrado, oferece dinheiro para conseguir o mesmo “poder”.
Pedro, o apóstolo, reage com uma indignação digna de novela:
“Que o teu dinheiro pereça contigo, porque julgaste que o dom de Deus se obtém com prata!”
Ou seja: nem tudo se compra, especialmente bênçãos divinas.
Quando a simonia virou moda? (Spoiler: não foi uma boa moda)
Cargos de bispos, abades e até papas eram “vendidos” a nobres ou pessoas ricas.
Pessoas pagavam para se tornar clérigos, mesmo sem vocação (ou qualquer ideia do que era a Bíblia).
Altares, indulgências, perdões e até um cantinho no céu eram comercializados como se fossem produtos no mercado.
É claro que isso tudo gerou uma pequena crise de imagem para a Igreja.
Quem praticava a simonia?
A lista é extensa (e, às vezes, ilustre):
Bispos e arcebispos que usavam seu poder espiritual como investimento de retorno rápido.
Senhores feudais que "apadrinhavam" clérigos para garantir influência e privilégios.
Papado: sim, alguns papas e cardeais do século XI estavam no meio do “mercado sagrado”. A coisa foi tão séria que alguns concílios, como o de Latrão, precisaram agir.
O Papa Leão IX, por exemplo, combateu ferozmente a simonia em seu papado, afirmando que era preciso purificar a Igreja, que andava mais preocupada com o dízimo do que com o divino.
Curiosidades sagradamente engraçadas sobre a Simonia
Ofertas irresistíveis: Havia até preços "diferenciados" para cargos em dioceses mais ricas. Ser bispo em Paris? Caro. Numa vila esquecida nos Alpes? Mais em conta.
Relíquias duvidosas: Em feiras medievais, era possível comprar “pedaços da cruz de Cristo”, “penas das asas do Arcanjo Miguel” e “fios da barba de São Pedro”. Spoiler: 99% eram falsos.
A Reforma bateu na porta: A simonia foi uma das causas da Reforma Protestante, com Lutero dizendo: “Parem de vender perdão como se fosse pão na feira!”
Hoje em dia? A prática continua sendo condenada pela Igreja. E embora o nome tenha saído de moda, a ideia de “comprar influência” infelizmente ainda ecoa por aí.
Conclusão: céu não se compra (e nunca teve cashback)
A simonia foi um dos maiores escândalos da Igreja medieval, uma mistura de fé com mercado que gerou revolta, reformas e muita sátira. Ela mostra que, mesmo nas alturas do clero, a tentação da grana sempre rondou os corredores sagrados.
Mas no fim, a lição é clara (e vale para o passado e o presente): salvação não se vende. E cargo santo também não!
História Viva co a Prof.ª Socorro Macêdo@⛪⛪⛪