A Fixação da Data: Uma História Controvertida
Curiosamente, o 22 de abril nem sempre foi a data oficial de celebração. Inicialmente, baseando-se em interpretações de documentos da época, o dia 3 de maio chegou a ser considerado o "Dia do Descobrimento", coincidindo com a festa da Santa Cruz. Essa confusão persistiu por séculos, até que a redescoberta e publicação da carta de Pero Vaz de Caminha, em 1817, trouxeram à luz detalhes mais precisos sobre a expedição de Cabral, confirmando o avistamento de terra em 22 de abril.
Apesar dessa confirmação histórica, a oficialização do 22 de abril como data comemorativa passou por diferentes momentos. Com a Proclamação da República, em 1889, o 3 de maio ainda era mantido como feriado. A mudança definitiva para o 22 de abril ocorreu somente em 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, através do decreto nº 19.488. Curiosamente, esse mesmo decreto retirou o caráter de feriado nacional da data, mantendo-a como uma efeméride importante no calendário cívico e escolar.
Por Que Celebrar (e Questionar)?
No entanto, a própria denominação "descobrimento" é cada vez mais questionada. O termo carrega uma perspectiva eurocêntrica, ignorando a existência e a rica história dos inúmeros povos indígenas que já habitavam o território há milênios. Para essas populações, a chegada dos portugueses não representou um descobrimento, mas sim um violento encontro que desencadeou um processo de colonização com consequências trágicas, incluindo a perda de terras, a escravização e a dizimação de muitas culturas.
Assim, o 22 de abril, embora continue sendo uma data para lembrar um momento crucial da história, também se tornou um dia de reflexão crítica sobre o impacto da chegada dos europeus e a necessidade de reconhecer e valorizar a história e a cultura dos povos originários do Brasil. É uma oportunidade para ir além da narrativa tradicional e explorar as múltiplas perspectivas desse encontro de mundos.
História Viva com a Prof.ª Socorro Macêdo!!👍😀📚📚❤️