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magine que você quer governar um reino. Não um reino de unicórnios e arco-íris, mas um lugar com gente que te ama, te odeia, te quer morto, te quer vivo, tudo ao mesmo tempo. É aí que entra Nicolau Maquiavel, o tiozão sagaz da política, que escreveu "O Príncipe" não como um manual de boas maneiras, mas como um guia de como não ser deposto na primeira terça-feira do mês.
A Regra de Ouro: Mantenha a Aparência (mesmo que seja de jacaré com dor de dente)
Maquiavel diz que ser bom é ótimo, mas parecer bom é fundamental. Seu povo não precisa que você seja um santo, precisa que ele acredite que você é um santo. Então, finja que você adora crianças, que chora com cachorrinhos e que doa metade do seu tesouro para instituições de caridade (especialmente as que te dão mais dinheiro em troca). Ser um líder de verdade é ser um mestre do teatro, onde o palco é o seu reino e o público é a sua plateia faminta por espetáculo.
A Arte de Ser Temido (Sem Virar o Vilão da História... A Não Ser Que Seja Necessário)
O amor é bom, mas o medo é mais seguro. Por quê? Porque o amor depende da gratidão das pessoas, que é tão confiável quanto um contrato assinado em guardanapo. O medo, ah, o medo é uma coisa que ninguém te tira. Mas cuidado! Ser temido não significa ser odiado. Odiar o seu líder é o primeiro passo para uma revolução épica com direito a chantilly e faixas de "Fora, Príncipe!". O segredo é ser temido o suficiente para que ninguém pense em te derrubar, mas não a ponto de quererem te esfolar vivo. Uma linha tênue, mas crucial.
A Virtù e a Fortuna: O Jogo da Vida (e da Política)
Maquiavel introduz duas palavrinhas mágicas: Virtù e Fortuna. Virtù não é ser bonitão e forte como um super-herói, mas sim ter a habilidade, a astúcia e a força de vontade para tomar as decisões certas, mesmo as desagradáveis. Já a Fortuna é a sorte, a vida que joga bolinhas de gude na sua estrada. O príncipe com Virtù não fica choramingando quando a Fortuna joga uma tempestade em seu caminho; ele usa o vento a seu favor, constrói um barco com os destroços e navega rumo ao sucesso (ou pelo menos tenta não afundar).
Quando a Crueldade é Necessária (e um Bom Advogado)
Ok, aqui Maquiavel fica um pouco sombrio, mas ele argumenta que, às vezes, a crueldade é necessária para manter a ordem. Pense nisso como uma cirurgia: dói, mas é para salvar a vida do paciente (o reino). Mas atenção! A crueldade deve ser bem aplicada, rápida e decisiva, e não uma tortura constante e gratuita. O príncipe não deve ser cruel por prazer, mas por necessidade. E, claro, é sempre bom ter um bom assessor de imprensa para explicar que aquela "cirurgia" foi, na verdade, um ato de amor para o bem da nação.
Em Resumo:
"O Príncipe" é um clássico que nos ensina que a política é um jogo de xadrez perigoso, onde os peões são as pessoas, as torres são as leis e o rei é você. Maquiavel nos mostra que, para vencer, muitas vezes é preciso ser mais esperto que os outros, estar preparado para o pior e, acima de tudo, saber que a imagem é tudo. Então, se você sonha em ser um líder, lembre-se: seja um bom ator, um mestre da estratégia e, se possível, tenha um plano B (e C, e D...). E se tudo der errado, sempre dá para escrever um livro sobre isso.

